Estudo comprova: idade não influencia na técnica cirúrgica para o tratamento da endometriose intestinal

Um estudo coordenado pelo cirurgião Renato Barretto, um dos fundadores da RR Médicos, comprovou que a idade não influencia na técnica cirúrgica que deve ser utilizada para o tratamento da endometriose intestinal.

O estudo multicêntrico, publicado neste mês de outubro no conceituado Journal of Robotic Surgery (2025) , onde analisou 1.547 cirurgias de endometriose intestinal realizadas entre 2016 e 2025 em conjunto com ginecologistas especialistas em endometriose e vários cirurgiões digestivos da nossa equipe, entre eles o Dr. Nathan Rostey , Dr. Bruno Mirandola Bulisani , Dr. Murilo Rocha Rodrigues e Dr. Luiz Guilherme Lisboa Gomes.

O que o estudo mostrou

A pesquisa comprovou que a idade não influenciou a escolha da técnica cirúrgica nas diferentes idades e verificou que foi mais frequente a técnica de extração das peças cirúrgicas por vias naturais sem a necessidade de incisões maiores nas pacientes acima de 35 anos associado a retirada do útero nessas mulheres sem mais desejo gestacional com e com prole já constituída .
A média de idade foi de pacientes com 37,7 anos e as técnicas conservadoras foram mais frequentes, com shaving realizado em 62,4% dos casos.
Outro ponto relevante foi o alto número de cirurgias assistidas por robô na amostra (1218), representando 78,7% dos casos — proporção maior do que a relatada em séries internacionais.
Além disso, as complicações graves foram raras, apenas 1,9% e estavam relacionadas mais à complexidade do procedimento do que à idade. Já a via de extração da peça (Pfannenstiel vs. NOSE) variou com a idade, provavelmente por maior preservação uterina em pacientes mais jovens. Outro fator importante é que em centros especializados, a cirurgia minimamente invasiva de vídeo ou robótica se mostrou segura e eficaz para diferentes faixas etárias.

“Para nós, esse resultado reforça um princípio que guia o nosso trabalho: a técnica certa é a que melhor atende as necessidades de cada paciente, com segurança, precisão e equipe experiente”, disse o Dr Renato Barretto.

Sobre a endometriose intestinal

A endometriose intestinal é uma doença em que o tecido semelhante ao endométrio pode crescer e infiltrar o trato gastrointestinal, sendo mais frequente no reto, cólon , apêndice e no final do intestino delgado (ileo), podendo causar sintomas como dor abdominal, cólicas, alterações no hábito intestinal e dor ao evacuar, especialmente durante a menstruação. O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem (Ressonância Magnética e Ultrassom endo-vaginal com preparo intestinal ) e em alguns casos por via video laparoscopia .

O tratamento principal é clínico com hormônios e ficando o tratamento cirúrgico para os casos sem resposta ao tratamento clínico com a remoção dos implantes de endometriose. A técnica utilizada depende da profundidade e localização das lesões. Um exemplo é o “shaving” (raspagem), usado em lesões menores e que infiltram as camadas musculares , evitando a remoção de um segmento intestinal. Também podem ser usados para controlar a dor (analgésicos, anti-inflamatórios) .