Não é incomum queixa dos pacientes ou de familiares de dormir sentado ou de ter que trocar de quarto pra dormi devido aos roncos em pacientes portadores de obesidade mórbida.
A obesidade é um importante fator de risco para a apneia obstrutiva do sono (AOS), uma síndrome caracterizada pelo colapso parcial ou completo da via aérea durante o sono. A prevalência de AOS aumenta junto com o grau de obesidade e as duas condições compartilham uma influência comum na atividade inflamatória e na função cardíaca.
Sabe-se que a obesidade influencia a estrutura e a função do coração, em parte pelo aumento da carga hemodinâmica que acompanha o acúmulo de gordura corporal. A apneia do sono também pode contribuir para a hipertrofia ventricular esquerda levando a uma disfunção diastólica.
Alguns estudos demonstraram que a perda de peso a longo prazo após cirurgia bariátrica está associada a um grau consideravelmente menor de apneia do sono. Além disso, menor peso e menor atividade da AOS foram associados a menor atividade inflamatória e melhor função ventricular esquerda.
A simples redução de 10% do peso original em quem possui a Apneia obstrutiva do sono (AOS) corresponde geralmente à diminuição de cerca de 25% no índice de apneia e hipopneia. Os efeitos sobre a AOS são tanto melhores quanto maiores forem a redução do peso e a manutenção dessa perda. Resultados de meta-análise demonstram que a perda efetiva de peso após cirurgia bariátrica resolve as co-morbidades na maioria dos pacientes, com cura ou melhora da AOS em 86,3% dos pacientes.
Sendo assim, concluímos que a perda de peso a longo prazo pela cirurgia bariátrica está associada a níveis mais baixos de AOS, redução da inflamação sistêmica e melhora da função cardíaca. Nossos dados sugerem que a apneia persistente do sono, apesar da perda de peso, pode limitar a melhora da função cardíaca e a redução da atividade inflamatória.
(Dr. Ricardo Fernandes CRM 90.656 / Dr. Felipe Rossi CRM 142.064)
