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Cirurgia Bariátrica e Diabetes

Obesidade e diabetes são doenças que afetam milhões de pessoas no Brasil e no mundo e ambas vem apresentando aumento no número de casos diagnosticados, reflexo dos hábitos alimentares e comportamentais da sociedade. Elas, por si só, são responsáveis por uma série de complicações cardiovasculares, sendo importante fatores de risco à saúde tanto de homens quanto de mulheres. Quando associadas essas duas doenças tais riscos aumentam significativamente.

O acúmulo de gordura abdominal, associado a predisposição genética e fatores ambientais e sociais geram uma predisposição ao desenvolvimento de uma aumento da resistência dos tecidos à ação da insulina e, consequentemente, à diabetes mellitus tipo 2 (DM2), cujo tratamento envolve dieta adequada, atividade física e medicamentos antidiabéticos. Há poucos anos, entretanto, o tratamento cirúrgico do DM2 ganhou espaço em diversas sociedade médicas pelo mundo, tendo hoje indicações precisas.

Muitos associam a cirurgia bariátrica exclusivamente ao tratamento da obesidade, porém em consequência a perda de peso há também o melhor controle de outras doenças como hipertensão arterial e diabetes, por vezes suspendendo por completo as medicações previamente utilizadas.

Nos últimos anos foi crescendo o interesse dos efeitos da cirurgia no controle dessas doenças, especialmente a diabetes, trazendo à cirurgia bariátrica um peso maior na nomeação de “cirurgia metabólica”.

A cirurgia bariátrica tem como objetivo principal a perda de peso e consequentemente a o melhor controle ou até mesmo cessação de doenças associadas. A cirurgia metabólica, por sua vez, tem como objetivo principal o controle da diabetes. Apesar da técnica cirúrgica ser a mesma para ambos os casos, é fundamental que se entenda o intuito e a indicação para cada caso.

Desde o ano de 2017 o Conselho Federal de Medicina aprovou a cirurgia como opção terapêutica para o tratamento da DM2, desde que, é claro, seguidos alguns critérios.

Quanto à técnica cirúrgica a ser utilizada, o bypass gástrico deve ser realizado preferencialmente à gastrectomia vertical, não havendo nenhuma outra técnica reconhecido e aprovada.

Para ser submetido à cirurgia metabólica o paciente precisa ter IMC (Índice de Massa Corpórea) entre 30 kg/m² e 35 kg/m² e DM2 há menos de 10 anos. A idade mínima é de 30 anos e não pode ultrapassar os 70 anos de idade. Importante frisar que o IMC não dá o diagnóstico de DM2, o qual é feito através de avaliação clínica e laboratorial específica.

A avaliação com médico endocrinologista é fundamental, de modo que, para a indicação da cirurgia metabólica é mandatória a existência de falha no tratamento clínico através de antidiabéticos (sejam eles orais e/ou injetáveis), associado a mudanças no estilo de vida e adequação alimentar.

Assim como a cirurgia bariátrica, a cirurgia metabólica deve ser realizada por cirurgiões experientes e que compõem uma equipe multidisciplinar também experiente no assunto. Os cuidados pré e pós-operatórios são os mesmos na cirurgia metabólica e na bariátrica, de modo que avaliação nutricional e psicológica, assim como exames e avaliações pre-operatórios gerais e específicos deverão ser realizados.

Por fim, é fundamental o paciente saber que mesmo após ser submetido à cirurgia metabólica, cuidados com alimentação, prática de atividade física e estilo de vida saudável para o resto da vida serão fundamentais para que se alcance o sucesso no tratamento cirúrgico da DM2 a longo prazo.

 

(Dr. Ricardo Moreno CRM 157.372)

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