São nítidas e indiscutíveis as mudanças geradas no mundo todo pela pandemia do Coronavírus, nos mais diversos setores da sociedade: econômico, politico, social, relacionamentos entre nações etc. Porém, tão importante quanto essa avaliação global é o entendimento das mudanças causadas pela pandemia dentro de nossas casas.
No início da pandemia, em março do ano passado, não se sabia exatamente o quanto tempo duraria, tampouco quais seriam suas consequências tendo em vista se tratar de uma doença nova com pouco conhecimento científico a seu respeito. A única ação coletiva que se mostrava como consenso para o combate ao coronavírus, ou ao menos para diminuir a sua disseminação, foi o isolamento social.
E, assim como o coronavírus tem sido uma novidade para o mundo, o isolamento social também, pois modificou completamente as rotinas familiares e das empresas. E foram exatamente essas mudanças na rotina que geraram uma série de turbulências nas casas e famílias. A começar pelo Home Office, que por mais que tenha diminuído o tempo no transito em que as pessoas perdiam para ir a seus trabalhos, aumentou a demanda de tarefas dentro de casa: demandar tempo ao trabalho, à arrumação da casa, cuidar dos filhos e cuidar da alimentação…
Essa sobrecarga de rotina gerou uma série de fatores que fez com que os adultos da casa buscassem maior praticidade possível para conseguir se dedicar a tudo. Porém, essa praticidade gerou, por sua vez, uma série de consequências à saúde mental e física.
No caso das refeições, por exemplo, passaram a ser mais frequentes o consumo de alimentos “prontos”/congelados, assim como aqueles de fácil preparo, como as massas, macarrão, lasanhas, pãozinho no café da manhã, lanches etc, sem contar a praticidade do consumo de comida delivery (hambúrgueres, pizza…).
Além disso, o maior tempo dentro de casa, com maior proximidade da cozinha, favorece o consumo de alimentos no estilo “beliscador”, é aquela “fome que vem a todo instante”. Assim, aumenta-se o consumo de chocolates e outros doces, bolos, torradas, bolachas, biscoitos e pequenos lanches.
Todos esses alimentos são ricos em açúcar e/ou carboidratos, cujo consumo em excesso gera ganho de peso, sem contar seu efeito metabólico que não apenas favorece o ganha de peso como dificulta a perda de peso.
Outra consequência do isolamento social foi a diminuição de atividade física, tanto dos adultos quanto das crianças. No caso destas, aumentou-se o tempo de exposição a telas, videogames e computadores. O sedentarismo falou mais alto na maior parte das pessoas em isolamento social.
O Home Office somado a essa sobrecarga da rotina, acaba acarretando em mudanças no padrão dos horários, incluindo os horários de sono, bem como a qualidade do sono. Isso, por sua vez, gera um cansaço crônico e “fome crônica” que diminui a probabilidade de busca pela atividade física e aumenta a busca por alimentos mais “energéticos” como os doces, processados com carboidrato refinado (beliscar bolachas, torradas…), café (com açúcar), refrigerante, energéticos etc.
Somado a tudo isso, o estresse emocional e a fadiga mental e física também se tornaram mais frequentes. Principalmente nas famílias que dispensam muito tempo nos telejornais e televisão, com notícias constantes sobre “morte”, “tragédias”, “cemitérios lotados” dentre outros termos comumente utilizados e que, aos poucos, vão se tornando pensamentos comuns das pessoas.
Vemos então que o isolamento social pode gerar uma estafa emocional e física, associado a um maior consumo de alimentos com alta densidade energética e baixa densidade nutricional. Isso gera alterações físicas e metabólicas, que favorecem o ganho e dificultam a perda de peso.
Para os pacientes em pré e pós operatório de cirurgia bariátrica e metabólica isso se torna ainda mais importante, merecendo uma maior proximidade com seu médico cirurgião, nutricionista e psicóloga.