A obesidade é uma condição médica crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que pode levar a várias complicações de saúde. Entre essas complicações, destaca-se a associação entre obesidade e câncer. Estudos recentes têm demonstrado que a obesidade é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer, bem como para a progressão e o prognóstico desfavorável da doença. Nesse contexto, a cirurgia bariátrica e metabólica surge como uma opção eficaz e comprovada para o tratamento da obesidade e como uma ferramenta potencialmente promissora na redução do risco e no manejo do câncer em pacientes obesos.
Obesidade e risco de câncer
A obesidade tem sido associada a um aumento significativo no risco de desenvolvimento de vários tipos de câncer, incluindo câncer de mama, cólon, endométrio, rim, fígado, pâncreas e esôfago, entre outros. Estudos epidemiológicos mostram que o risco de câncer está diretamente relacionado ao índice de massa corporal (IMC) e à circunferência da cintura. A obesidade está associada a alterações metabólicas, como resistência à insulina, hiperinsulinemia, inflamação crônica e desequilíbrio hormonal, que podem promover o crescimento e a disseminação de células cancerígenas.
Mecanismos biológicos
Vários mecanismos biológicos têm sido propostos para explicar a relação entre obesidade e câncer. A inflamação crônica de baixo grau, resultante do acúmulo de tecido adiposo visceral, pode levar à produção aumentada de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e leptina, que podem promover a proliferação celular, angiogênese e invasão tumoral. Além disso, a obesidade também está associada a alterações hormonais, como o aumento dos níveis de estrogênio, que podem aumentar o risco de câncer de mama e endométrio.
Cirurgia bariátrica e metabólica
A cirurgia bariátrica e metabólica tem se mostrado eficaz no tratamento da obesidade e suas comorbidades, levando a uma perda significativa de peso e melhora na saúde geral dos pacientes. Além disso, estudos têm sugerido que essa intervenção pode ter um papel importante na redução do risco de câncer em pacientes obesos. A perda de peso sustentada após a cirurgia está associada a uma diminuição nos níveis de inflamação, resistência à insulina e produção de hormônios adipocitários, que podem ter efeitos benéficos na prevenção e no tratamento do câncer.
Evidências científicas
Estudos observacionais e estudos de coorte têm demonstrado consistentemente uma redução no risco de vários tipos de câncer após a cirurgia bariátrica. Por exemplo, a cirurgia bariátrica tem sido associada a uma redução significativa no risco de câncer de mama em mulheres obesas, bem como uma redução no risco de câncer colorretal e endometrial. Além disso, estudos experimentais em modelos animais têm demonstrado que a cirurgia bariátrica pode inibir o crescimento tumoral e melhorar a resposta aos tratamentos antineoplásicos.
Mecanismos propostos
Os mecanismos pelos quais a cirurgia bariátrica e metabólica podem exercer efeitos protetores contra o câncer ainda não estão completamente esclarecidos. No entanto, algumas hipóteses têm sido propostas. A perda de peso induzida pela cirurgia pode levar a alterações favoráveis nos níveis de hormônios, como a redução dos níveis de estrogênio, e melhorar a sensibilidade à insulina. Além disso, a cirurgia bariátrica pode modular a microbiota intestinal, promovendo um ambiente intestinal menos inflamatório e mais favorável à saúde.
Conclusão
A obesidade é um importante fator de risco para o desenvolvimento e a progressão do câncer. A cirurgia bariátrica e metabólica tem emergido como uma abordagem eficaz no tratamento da obesidade e suas comorbidades, e estudos sugerem que essa intervenção pode ter um papel relevante na redução do risco de câncer em pacientes obesos. No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender melhor os mecanismos subjacentes e para determinar o impacto a longo prazo da cirurgia bariátrica no risco e no manejo do câncer.
